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Conforme a palavra do profeta Jeremias (Jr 29.4-14), o reinado da Babilônia duraria 70 anos*, tempo em que a terra devastada de Canaã descansou (2 Cr 36.21). Conforme o texto, Deus não se esqueceu dos israelitas, mas o período cativo estava planejado e limitado por Ele como disciplina, e sua libertação e restauração já havia sido profetizada. Tanto era verdade que Deus estava presente a cuidar do seu rebelde povo que, embora deportado e escravizado, Israel viveu anos consideravelmente confortáveis na Babilônia: mesmo privado de sua terra e identidade exclusiva , por ordens de Deus, o povo cultivava seu próprio alimento, multiplicava-se e buscava a prosperidade e proteção divina da terra em que estavam (Jr 29.6-7). Historicamente também não há registro de práticas discriminatórias ou anti-semitas pelos babilônios, como se vê no caso de Daniel e seus amigos que, escolhidos por Nabucodonosor para servir no palácio, foram reconhecidos por suas habilidades e sabedoria, e muito bem tratados e instruídos para as funções no conselho real.
Também vale ressaltar que não foi absolutamente toda a população de Judá levada cativa, mas membros da linhagem real, nobres, líderes e a maior parte do povo. Restaram, sim, judeus na terra de Canaã, mas eram miseráveis que evadiram as deportações de Nabucodonosor, e fugitivos que se esconderam no Egito (Entre eles, o profeta Jeremias). Esse remanescente não passava de 20 mil pessoas, que ficaram entregues à ira de Deus em uma terra devastada - agora pertencente aos babilônios (Ez 33.21-29).
Notas:
*O texto de Jeremias 29.10 declara que o cativeiro se findaria aos 70 anos da Babilônia, porém historicamente, o período entre a queda de Jerusalém e a tomada da Babilônia pela Pérsia (fim do cativeiro) vão de cerca de 597 a 539 a.C., isto é, quase 50 anos. Na realidade, o período profetizado é considerado a partir da ascensão de Nabucodonosor ao trono da Babilônia, por volta de 605 a.C. Nesta ocasião, ele combatia na batalha de Carquemis no Egito, quando foi obrigado a retornar à Babilônia para assumir o trono pela morte de seu pai; no caminho, ele atacou e saqueou Jerusalém, levando parte do povo cativo. Depois, o rei Jeoaquim rebelou-se contra a Babilônia, com o que Nabucodonosor voltou a atacar e levou-o cativo (2 Cr 36.5-8), assim como fez a seu filho Joaquim (2 Cr 36.9-10) e, por fim, a seu tio Zedequias, nomeado rei de Judá pelo próprio Nabucodonosor, que se rebelou ignorando os conselhos do profeta Jeremias e provocou o ataque definitivo que destruiu Judá e consolidou o cativeiro (2 Cr 36.11-23). (MERRIL, p. 498)
Este estudo é parte de uma série baseada no livro "Para Entender a Bíblia", de John Stott.
Referências bibliográficas
BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999.
GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. 2ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
NELSON, Thomas. Manual Bíblico de mapas e gráficos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003.
STOTT, John. Para entender a Bíblia. Viçosa/MG: Ultimato, 2014.
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