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Vale ressaltar que essa atitude magnânima em relação à religião alheia não era senão uma estratégia política do governo medo-persa, na intenção de promover o rei como sendo escolhido, aprovado pela divindade dos povos subjugados (ao invés de um conquistador tirano), o que favorecia sua aceitação como governante por tais povos.
A reconstrução de Jerusalém se deu em três etapas :
- Primeiro, Zorobabel , neto do rei Jeoaquim de Judá, conduziu seus compatriotas para reerguer o Templo em 538 a.C. A obra, porém, foi interrompida pela oposição dos samaritanos cuja ajuda Zorobabel rejeitou, sendo retomada cerca de 15 anos mais tarde pelo encorajamento dos profetas Ageu e Zacarias (Ed 4.1-5; Ag 2.3-4; Zc 4.9);
- Cerca de 75 anos depois da conclusão do templo, Esdras, que era escriba, sacerdote e uma espécie de secretário de Estado dos assuntos judaicos no Império Persa, partiu a mando do rei Artaxerxes em 458 a.C para restaurar as leis de Judá (Ed 7.1-10);
- Por último, 13 anos depois da partida de Esdras, Neemias, copeiro do rei e depois nomeado governador dos judeus pelo rei persa, partiu para reconstruir as muralhas de Jerusalém em 445 a.C. (Ne 2.17).
Apesar destas campanhas, nem todos os exilados judeus quiseram retornar a Jerusalém, pois após 70 anos desfrutando da terra babilônica e absorvendo sua cultura, boa parte do povo sentia-se demasiado confortável ali para querer partir para uma terra a ser reerguida quase que do zero, sobretudo os mais jovens, que não conheceram a antiga Jerusalém e nem tiveram contato profundo com suas origens.
Além disso, o povo que partiu para casa a fim de retomar sua vida na terra prometida logo deu sinais de tropeçar novamente nos mandamentos ao tomarem por esposas as mulheres estrangeiras. A isso, Esdras opôs-se fortemente e promoveu um grande arrependimento e voto de compromisso do povo com as leis de Deus, deportando as mulheres e os filhos destes casamentos (Ed 9.1-4; 10.1-17); também Neemias foi responsável por uma rígida política de combate aos desvios que encontrava no meio do povo (Ne 13.1-31).
Notas:
*O texto de 2 Cr 36. 22-23 Diz que o rei persa Ciro foi o conquistador da Babilônia, enquanto Dn 5.31 diz que o medo Dario foi quem tomou o reino babilônico de Belsazar. O mais aceito é que “Dario, o Medo” seria um nome oficial para Ciro, o fundador do Império Persa, ou seja, que seriam a mesma pessoa. Sendo assim, a passagem de Dn 6.28 onde se lê que “ Daniel prosperou durante os reinados de Dario e de Ciro, O Persa ” deve ser entendido como “Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, a saber, no reinado de Ciro, o
persa”, como acontece também no livro de Esdras. Outra teoria é que Dario fosse referente a Gobrias (ou Gubaru), general persa a quem Ciro teria delegado o governo das terras babilônicas conquistadas pelo império. (BÍBLIA DE ESTUDOS DE GENEBRA; MERRIL, p. 514).
Este estudo é parte de uma série baseada no livro "Para Entender a Bíblia", de John Stott.
Referências bibliográficas:
BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999.
GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. 2ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
NELSON, Thomas. Manual Bíblico de mapas e gráficos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003.
STOTT, John. Para entender a Bíblia. Viçosa/MG: Ultimato, 2014.
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