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Estudo Bíblico: A Presença de Jesus no Antigo Testamento

Foto de Pixabay


Para entender a Bíblia como um todo, precisamos compreender primeiro o seu propósito: ela não foi escrita para fins científicos (pois revela informações que a ciência humana jamais alcançaria por si só), literários (pois, principalmente no N.T., prioriza a essência da mensagem, e não o estilo) e nem filosóficos (pois, a exemplo da questão do sofrimento, de forma geral, está mais focada em oferecer orientações práticas de como lidar com ele do que em filosofar sobre sua origem e razões).
A Bíblia é um livro com propósito prático para a Salvação , e essa Salvação se dá unicamente por meio de Jesus Cristo (2Tm 3.15-16). Por isso, toda a Palavra fala sobre Jesus, desde o Antigo Testamento, na Lei, nos Profetas e nas Escrituras (Lc 24.44).

CRISTO NA LEI:
A Lei é a divisão do Antigo Testamento que corresponde de Gênesis a Deuteronômio. Nela já era anunciado que o Messias viria como homem, seria judeu descendente de Abraão, e que derrotaria Satanás, abençoaria a Terra e governaria como Rei para sempre (Gn 3.15 / 12.3 / 49.10). Ainda, de forma menos direta, vemos o plano de Salvação de Deus ser anunciado através da história do povo de Israel, a quem ele escolheu, libertou, estabeleceu uma aliança, perdoou os pecados mediante sacrifício e levou a uma Terra Prometida . Tudo isso representava em termos limitados e locais o que seria no futuro acessível a todos por meio de Jesus. Por fim, Paulo fala da presença de Cristo na Lei pelos Mandamentos: visto que eles condenavam sem poder oferecer salvação, apontavam para a necessidade de um Salvador (Gl 3.23-24).

CRISTO NOS PROFETAS:
Os Profetas correspondem no A.T. à seção que inclui os profetas maiores e menores  (profetas posteriores) e os livros históricos de Josué, Juízes, Samuel e Reis (profetas anteriores). O Messias foi anunciado como Rei para Israel; portanto precisamos primeiro entender o conceito de reino naquele contexto.
Primeiro, Israel era uma teocracia; depois trocou o governo direto de Deus por reis humanos e experimentou desde então a falência desse sistema por guerras, injustiça e opressão até o exílio. Assim, Deus usou a experiência desse povo para esclarecer sua compreensão a respeito da perfeição do Reino do Messias e reforçar seu anseio por ele. Vemos profecias do Reino na aliança de Deus com Davi (2Sm 7.8-17), que introduzem esse novo conceito de Rei a Israel. Os profetas descreveram esse Reino como sendo de paz, justiça, universalidade e eternidade (Is 9.6-7), mas também profetizaram os sofrimentos que o Rei haveria de passar (Is 53.5-6 / Zc 12.10).

CRISTO NAS ESCRITURAS:
As Escrituras consistiam nos livros poéticos; essa divisão era também chamada de "Salmos" (seu principal livro).
As referências à pessoa de Jesus nos Salmos se confirmam no Novo testamento. Podemos ver alguns exemplos dessa correlação dos textos entre:
  • Sl 8.4-6 e Hb 2.5-9;
  • Sl 22.1-8 e Mc 15.34;
  • Sl 22.16-18 e Jo 19.23-24 / 36-37;
  • Sm 110 e Mt 22.41-46.

PARA FINALIZAR:
O Antigo Testamento fala amplamente do sofrimento e glória do Messias, pela inspiração do Espírito (1 Pe 1.11); assim, a relação entre Antigo e Novo Testamento é de promessa e cumprimento (Lc 24.26-27).
Podemos resumir o testemunho do Antigo Testamento a respeito de Cristo como a descrição de um profeta maior que Moisés, um sacerdote maior que Arão e um rei maior que Davi , isto é, alguém que revelaria Deus ao homem, reconciliaria o homem com Deus e governaria o homem em nome de Deus de forma perfeita, o que é sintetizado em Hebreus; em Jesus, os ideais de profecia, sacerdócio e realeza lançados no Antigo Testamento são perfeitamente cumpridos.

Este estudo é parte de uma série baseada no livro "Para Entender a Bíblia", de John Stott.

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