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A Trilogia de Belém



Foto de Oladimeji Ajegbile no Pexels

Os últimos capítulos de Juízes formam juntamente com o livro de Rute a chamada “Trilogia de Belém”, um conjunto de registros onde a cidade de Belém de Judá figura proeminentemente para traçar as origens da monarquia davídica e justificar sua existência em oposição à linhagem de Saul (benjamita).

As três histórias datam do período dos Juízes, o qual é repetidamente descrito como um tempo em que “não havia rei; cada um fazia o que achava correto”. Isso significa que era um tempo idólatra, perdido e supersticioso, onde o povo de Israel se misturou com os povos perversos de Canaã e corrompeu-se, como vemos em Jz 17-21. Aqui, vemos duas histórias que contam ocorridos avessos em relação à Aliança, deixando clara a carência de direção em Israel.

Na primeira, um homem de Efraim chamado Mica construiu seu próprio santuário pagão, nomeando seu filho como sacerdote, que mais tarde seria substituído por um levita de Belém que procurava casa: Jônatas, neto de Moisés. Mais tarde, este sacerdote idólatra associou-se com os homens de Dã que roubaram os ídolos de Mica e estabeleceram um novo templo de idolatria na cidade de Laís, que invadiram e tomaram à espada.

A segunda conta sobre a batalha das tribos de Israel contra a tribo de Benjamin após homens de Gibeá protagonizarem um episódio de grande vergonha e perversidade contra uma belemita. A rebeldia de Benjamim levou a tribo a uma quase extinção.

Depois disso, o livro de Rute introduz um história de tom bastante diferente, de redenção e benevolência, para ligar historicamente a linhagem do rei Davi aos Patriarcas (como cumprimento da promessa a Judá em Gn 49.10) por meio da história de sua bisavó que, mesmo sendo estrangeira, glorificou a Deus com sua atitude dedicada e compassiva.

Referências:
MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. 2ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

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