O compromisso de Deus conosco

 

    Muito se prega hoje sobre o amor e a bondade de Deus (e com razão), mas pessoalmente sinto falta de uma parte fundamental deste tema em muitas dessas pregações. Dizer que Deus é amor sem primeiro enfatizar quem é Deus tem levado pessoas a grandes equívocos, como pensar que ele nos deve amor e bondade porque, afinal, ele nos criou e é responsável por nós, ou mesmo que, se ele realmente nos ama, tem a obrigação de respeitar nossas escolhas e vontades, pois nos fez conscientes.

    Deus é Autoridade acima de toda autoridade, o Primeiro e Último. Em Jó 41:11 ele declara: "Quem primeiro me deu alguma coisa, que eu lhe deva pagar? Tudo o que há debaixo dos céus me pertence". Da mesma forma, em Rm 9.18-22, Paulo fala sobre a soberania de Deus, mostrando que ele está definitivamente além de qualquer poder humano: "Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?’ " (v.20).

 De fato, se Deus não tivesse se revelado espontaneamente a nós, jamais teríamos chegado sequer a conhecê-lo. Historicamente, ele expôs sua vontade através dos profetas e autores da Bíblia pela inspiração do seu Santo Espírito, e permitiu que o conhecêssemos através de Jesus que, feito homem, viveu entre nós para cumprir a vontade do Pai (Jo 14.8-9).

    Mas esse mesmo Deus Altíssimo que não deve nada a ninguém e está acima de toda autoridade (e mais, que foi ofendido em sua santidade pelos nossos pecados) optou livremente por nos amar e fazer aliança com a humanidade, e se comprometeu a nos dar benefícios dos quais somos indignos:

Salvação (Rm 5.6-9)

A essência de toda a nossa vida com Deus foi um compromisso voluntário de Cristo. Não necessitamos de penitências, sacrifícios ou rituais para ser salvos.

Eternidade (Jo 6.39-40)

Por meio dessa promessa, Deus nos oferece consolo para as adversidades desta vida. Nem a morte é ameaça para nós, pois sabemos que todas as dores estão limitadas a este mundo.

Auxílio pelo Espírito Santo (Rm 8.26-27)

Até para orar dependemos do Espírito. Precisamos desta iluminação de Deus mesmo para compreender e crer na sua Palavra (1Co 2.10-16).

Sabedoria (Tg 1.5)

Além da elucidação pelo Espírito, Deus nos capacita em sabedoria e nos edifica para falar e agir.

Perdão (1Jo 1.9)

Nossa dívida foi paga na cruz, mas a carne ainda está presa ao pecado (Rm 7.15-23). Nessa luta diária, Deus está pronto a nos receber, perdoar, aliviar nossa culpa e nos restaurar para seguir em frente.

Proteção (Sl 4.8)

Sabemos que o Senhor é Deus sobre todas as coisas e tudo está sujeito ao seu poder e autoridade. Ele promete nos guardar do mal em diversas passagens e, pela fé, podemos dormir tranquilos, confiados de que nossa segurança não depende de tecnologias humanas, mas do Deus infalível.

Sustento (Mt 6.25-34)

Também trabalhamos em paz e alegria sem nos desesperar pelo amanhã, pois Deus promete prover todas as nossas necessidades. Assim como toda a natureza sobrevive pela sua mão, muito mais nós seremos cuidados por ele.

Descanso (Fp 4.6-7)

Deus nos promete paz até em meio à adversidade. Não a paz que o mundo dá, mas a paz de Cristo, que excede todo entendimento porque não se baseia nas circunstâncias, mas na eternidade.

    Sabendo, então, que Deus livremente se comprometeu a nos dar tantas coisas que não merecemos, nosso compromisso de servi-lo torna-se mais que um dever; é uma gratidão eterna e uma questão de dependência, pois somos sua criação e não podemos sobreviver espiritualmente longe da fonte. Paulo chama os salvos de "escravos de Cristos" (1Co 7.22), pois o compromisso com Cristo para aquele que compreende estas coisas não é uma escolha.

    Que você seja edificado por essa meditação e firme hoje mesmo um compromisso com o Deus que se fez nosso Pai voluntariamente!