Em minhas meditações pessoais durante a semana, chamou-me a atenção a relação destas duas metáforas dentro da Bíblia. Escolhi este título por um motivo curioso: diante de um tema que contrasta uma figura positiva a outra negativa, tendemos a pressupor que representam, respectivamente, Deus e o Diabo, a santidade e o pecado; mas desta vez, ambas representam um só lado.
Esta metáfora de duas faces não é outra senão Jesus Cristo, o Senhor. Explico: ambas as figuras são a mesma pessoa, mas sua imagem positiva ou negativa depende da situação daquele que a recebe, a exemplo das igrejas de Sardes e Laodicéia, em Apocalipse 3.
Laodicéia considerava-se rica e próspera, pois o pouco que fazia para Deus lhe parecia muito, um verdadeiro tesouro nos céus, a ponto de pensar que não devia nada ninguém (Ap 3.14-22); mas para "a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus", era detestavelmente morna, insossa e frustrante. Ele diz que a igreja não podia ver sua situação crítica, a menos que recebesse do Senhor o colírio para ungir os olhos e, assim, poder conhecer a verdadeira riqueza que só ele fornece.
Para essa igreja que precisava enxergar sua real situação e arrepender-se, é anunciada a vinda do Convidado (v.20), aquele que bate à porta e espera o morador da casa (a quem muito estima) abrir e convidá-lo a entrar. Ele traz o presente da Salvação e da verdadeira alegria juntamente com sua companhia prazerosa.
Em contrapartida, nos versículos 1-6, conhecemos a situação da igreja em Sardes, que estava viva a olhos humanos, mas morta para Deus. Diante de sua negligência, o Senhor lhe exorta a lembrar-se do que já havia recebido - isto é, a visita do Convidado - e arrepender-se. Caso continuasse desatenta, com a casa desarrumada e sem vigia, seria alvo do Ladrão.
Diferente do Convidado, este não bate à porta, nem espera que seja aberta de bom grado. Ele invade inesperadamente a casa e a subjuga; não vem em favor, mas contra o morador, lhe trazendo ruína, como descrito em 2Pe 3.1-14.
Mas, mesmo na igreja de Sardes, o texto ressalta que havia ainda alguns a quem cabia a observação de Paulo aos tessalonicensses (1Te 5.1-10), que já receberam a visita do Convidado e com ele firmaram seu compromisso, mantendo-se vigilantes e firmes para jamais serem surpreendidos do Ladrão. Para estes, o Ladrão se mostrará mais uma vez como seu velho amigo, o Convidado, que então virá para levá-los para a sua própria casa.
O mais importante a se observar é que, ante a visita do Convidado, nos é dada a opção de abrir a porta e recebê-lo para jantar ou fechar as cortinas e fingir que não ouvimos seu chamado. Porém, no momento da chegada do Ladrão, não há alternativa ou defesa; ele não considera o nosso lamento ou o prejuízo que teremos, pois fomos alertados: ele virá, e a casa que estiver desprotegida, esta será arruinada.
Vigie!
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