A carta de Gálatas começa com uma importante exortação de Paulo aos cristãos daquela igreja, que deixavam-se levar por pregadores que defendiam ideologias legalistas de salvação por meio das obras. Essa visão não foi tratada como um ponto de vista diferente pelo apóstolo; antes, ele a repudia veementemente como um falso evangelho (Gl 1.6-12).
Mais do que isso, ele afirma a unicidade do Evangelho Verdadeiro revelado por Cristo Jesus: "...ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!" (Gl 1:8).
Nem mesmo os próprios apóstolos que primeiro o anunciaram, ou os seres celestiais têm autoridade para distorcer a mensagem de Jesus! Mas, ainda assim, encontramos até hoje vozes que pregam "outros evangelhos", e desviam aqueles que não têm raízes firmes na Bíblia. De fato, esta é nossa a primeira e maior arma para discernir as vozes enganosas: o conhecimento da Bíblia. E associado a este conhecimento, há outros sinais que certificam a palavra que recebemos:
O verdadeiro evangelho proclama a Cristo Crucificado
Em 1Jo 4.1-3, somos exortados a examinar se a mensagem que recebemos provém de Deus, desta forma: "todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus." Embora simples e objetiva, a orientação de João não deve ser interpretada de forma rasa, pois até os demônios expulsos por Jesus confessavam sua divindade (Mc 3.11). O segredo é discernir aquele que confessa O Cristo, Senhor e Salvador, tal qual ele se revelou, já que muitos usam seu nome sem conhecê-lo (Lc 21.8); todo aquele que o nega ou confessa outro cristo diferente do Jesus bíblico não provém de Deus.
O verdadeiro evangelho tem somente Cristo como centro
Não raro, pessoas usam da Palavra como ferramenta para justificar opiniões políticas ou exaltar personalidades, além de outros interesses pessoais. Foi o que aconteceu em Corinto (1Co 1.11-17), ao que Paulo repreendeu as divisões da igreja reafirmando a centralidade e soberania de Jesus: "Foi Paulo crucificado em favor de vocês? Foram vocês batizados em nome de Paulo?". O evangelho deve apontar para Cristo e somente para ele; Jesus é o centro da sua mensagem.
O verdadeiro evangelho faz adoradores, não admiradores
Uma consequência da atitude anterior é que aquele que tira Jesus do centro de sua pregação já não está interessado em ganhar almas para o Reino, e sim ganhar admiradores para si (ou para a pessoa ou causa "promovida" por meio da pregação). A diferença é clara: admiradores são entusiastas sem compromisso, enérgicos em palavras mas apáticos na obediência e estudo das Escrituras; muito diferente dos adoradores que o Pai procura, que o adorem em espírito e em verdade (Jo 6.60-69).
O verdadeiro evangelho é sensível, mas não omisso
Se a igreja dos gálatas era enganada por uma pregação legalista que anulavam a Graça, a nossa realidade é frequentemente oposta, cercada de pregações que anulam a Justiça de Deus a fim de poupar o ouvinte e lhe oferecer "consolo". De fato, compaixão e sensibilidade eram marcas do ministério de Jesus (veja mais sobre isso aqui), mas nunca a omissão. Um bom exemplo deste equilíbrio está em Mc 10.17-22, quando o homem rico se entristece ao ouvir que deveria vender seus bens para seguir o Mestre. Jesus o amou, porém lhe disse a última coisa que gostaria de ouvir. Ele sabia que a parte ofendida pela mensagem de arrependimento e renúncia é o pecado cativado.
Outra mostra de sensibilidade não omissa está em Hb 5.11-14. O autor da carta vê seus leitores como crianças, que não podem receber nada além de leite; mas em vez de aceitá-los como crianças delicadas, ele os exorta à crescer, repreendendo sua letargia na fé. O mesmo vemos na carta de Paulo à igreja de Corinto (1Co 3.1-3); ambos deixam claro que aquele não era o estado desejável de verdadeiros adoradores.
O verdadeiro evangelho é pregado pelo Espírito Santo
Por fim, qualquer um que reconheça a autoria divina do evangelho sabe que ele é anunciado por Deus, mediante seu Espírito que atua em nós. Não se trata de uma mensagem criada por sabedoria humana, mas revelada, e não pode ser conduzida sem o agir do Espírito, como um discurso decorado ou uma ciência formatada à lógica do homem, pois a vontade de Deus é salvar aqueles que creem pela "loucura da pregação" (1Co1.21). O próprio Paulo declara que, sendo anteriormente fariseu e profundo conhecedor da lei, abandonou seu conhecimento humano para pregar somente as palavras ensinadas pelo Espírito (1 Co 2.2-5). De fato, aquele que crê verdadeiramente no poder e na autoria do evangelho do Senhor não se preocupa em tentar fazê-lo parecer mais atraente, aceitável, convincente ou plausível do que é, tão somente testemunha as palavras do Espírito Santo, sabendo que é este quem converte o coração do pecador.
Comentários
Postar um comentário